domingo, 1 de dezembro de 2013

I

Costumava preocupar-me demasiado com o futuro
Agora preocupo-me em preocupar-me
Com as pessoas que amo
E pelo que luto no presente.

Porque prefiro viver na mais nítida das paisagens,
A observar a beleza e o suspense da tela branca do amanhã
Do que viver num incompleto esboço
De uma árvore morta, à espera que lhe pintem umas folhas ou flores...

Falar

Quando ficamos alguns momentos sem abrir a boca, sentes que fica um silêncio constrangedor?
Nem por isso. Porque haveria de ficar? Por muito que goste de te ouvir falar, quando não há nada para dizer, valorizo ainda mais o silêncio!

Porque se não estivesse em silêncio,  estaria a tagarelar. Porque também nunca tenho muito que falar.
Sim, a maioria das vezes que abro a boca é para tagarelar. Não falar, tagarelar! Coisa mais ingenuamente irritante. As conversas mais superficiais que não interessam a ninguém. A tagarelar as coisas mais simples, simpáticas e saudáveis, hábito este que qualquer ser humano já adoptou. A inocente conversa de ocasião! Sem propósito e em alguns casos sem nexo. Aquelas conversas que felizmente podemos ter sem puxar muito pelo cérebro e ninguém nos julga por isso! Tagarelar. Coisas tão fúteis ou idiotas que te fazem arrepender de ter aberto a boca na próxima vez que pensares nisso. Isso é que é tagarelice!

Por isso acho uma estupidez achar constrangedor o silêncio. Traz uma grande harmonia...
Se não há nada que falar, cala-te. Mas se achas o silêncio incomodativo, sempre podes tagarelar. Não só ajuda a passar o tempo como a exercitar a língua...

E ainda bem que me falaste nisto.